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Foto do escritorEduardo Sato

Possível indício de vida é detectado em Vênus


Fosfina na atmosfera de Vênus. Figura por: ESO / M. Kornmesser / L. Calçada & NASA / JPL / Caltech (CC BY 4.0)

Em um estudo publicado na revista Nature Astronomy, time de astrônomos liderado por Jane Greaves afirma ter detectado fosfina nas nuvens de Vênus. Na Terra, só é possível produzir este gás em grande quantidade usando processos industriais ou através de micróbios anaeróbicos. O anúncio foi feito nesta segunda (14/09/2020) em uma coletiva de imprensa realizada pela Royal Astronomical Society e pode ser um indicativo de vida fora da Terra.


Para realizar esta descoberta o time usou o telescópio JCMT no Hawaii e posteriormente confirmou suas observações com a matriz de telescópios ALMA no Chile. De acordo com os modelos do físico Hideo Sagawa, a concentração de fosfina nas nuvens de Vênus é cerca de 20 ppb (partes por bilhão).


Um time do MIT liderado por William Bains calculou a quantidade de fosfina que poderia ser produzida por atividade natural, incluindo atividade geológica, relâmpagos, vulcões, entre outros e analisando 70 reações diferentes concluíram que a quantidade detectada não pode ter sido produzida com os efeitos considerados.


Isto leva a duas possíveis conclusões, ambas bastante interessantes: A primeira é que existe uma reação química completamente desconhecida acontecendo em Vênus, que pode levar a novas descobertas na área de Química. Já a segunda, que tomou as manchetes dos jornais é a existência de micróbios em Vênus que estariam produzindo a fosfina.


É importante lembrar que as bactérias venusianas seriam bastante diferentes das existentes na Terra, pois teriam que se adaptar a atmosfera altamente ácida, sendo esta composta cerca de 90% ácido sulfúrico! Além disso, os pesquisadores foram bastante enfáticos em dizer que esta ainda não é uma prova robusta de vida em Vênus, sendo necessário fazer outras observações, como por exemplo, trazer amostras para a Terra para confirmar tal hipótese.


Apesar do otimismo com que esta descoberta foi anunciada, cientistas pedem cautela e alguns até mesmo consideram o anúncio imprudente. A astrônoma brasileira Duilia de Mello, por exemplo, diz que a relação entre o sinal detectado pelo experimento e o ruído é muito alta, o que pode levar a falsos-positivos. Em entrevista à BBC, ela disse: “Quando é assim, quando são sinais muito fraquinhos, é preciso observar várias vezes e em outras épocas, para confirmar realmente se a detecção foi feita ou se não foi apenas uma coincidência por conta de um, digamos, sinalzinho errado (um ruído confundido com um sinal)”.


Aguardemos por mais novidades deste caso que pode ser uma das maiores descobertas da Astrobiologia!


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