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  • Foto do escritorEduardo Sato

Morcegos e o efeito Doppler


O barulho de uma ambulância parada ou em movimento é igual? Certamente não! Isto se deve ao efeito Doppler e a natureza sabe disso há muito tempo! Aliás, alguns morcegos que usam ondas para se localizar (ecolocalização) levam isto em consideração!


O efeito Doppler nos diz que se estamos nos movendo em relação a uma fonte de ondas (no caso da ambulância, o som) faz com que detectemos frequências diferentes das que foram inicialmente emitidas. Isto acontece pois ao nos movermos, mudamos a quantidade de frentes de ondas que recebemos. Assim, a sirene da ambulância emite o mesmo som, mas percebemos sons diferentes!


Vamos considerar agora a ecolocalização, alguns animais emitem sons e quando esses sons são refletidos pelas superfícies próximas de volta a este animal, faz com que ele entenda a localização e velocidade dos objetos. Algumas espécies de morcego como o morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus ferrumequinum) conseguem emitir pulsos em uma frequência bem específica e possuem uma orelha especialmente desenvolvida para ouvir esta mesma frequência.


Porém, se este morcego está voando, devido ao efeito Doppler, receberá a onda refletida em uma frequência diferente. Isto pode levar ao morcego a entender que o alvo dos pulsos está se movendo, ou pior, fazer com que o pulso refletido esteja fora da região ótima de detecção dos seus ouvidos!


Mas isto não acontece pois o morcego-de-ferradura-grande altera a frequência do pulso que emite, para que o pulso refletido esteja exatamente na frequência melhor captada por sua orelha. Este mecanismo conhecido como Doppler Shift Compensation (DSC, ou em português, compensação de desvio Doppler) já foi observado por cientistas em três famílias diferentes de morcegos. Biólogos argumentam que esta técnica diminui a carga de processamento cerebral, pois substitui uma atividade complicada (analisar diferentes frequências) por uma simples (mudança de frequência do pulso emitido).


Simplesmente incrível o poder de adaptação dos seres vivos dada pela seleção natural!

Referências e saiba mais:



[2] Smotherman, M. and Metzner, W. 2003. Fine control of call frequency by horseshoe bats. Journal of Comparative Physiology A, 189(6): 435–446


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